Nos últimos anos, o crowdfunding imobiliário emergiu como uma poderosa alternativa de financiamento no setor imobiliário, permitindo que uma gama mais ampla de investidores participe de projetos imobiliários de diversas escalas. Este artigo se propõe a explorar de maneira detalhada e enriquecida essa modalidade, discutindo suas características regulatórias, operacionais, vantagens e desafios, contrastando-a com os tradicionais fundos imobiliários.
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1. O que é crowdfunding imobiliário?
1.1 Definição e origem
Crowdfunding imobiliário é uma forma de financiamento coletivo específica para o setor imobiliário, em que investidores podem financiar projetos de construção ou renovação de propriedades. Originário do conceito mais amplo de crowdfunding, essa modalidade adapta o modelo de captação de recursos para o ambiente imobiliário, oferecendo uma plataforma para incorporadoras apresentarem seus projetos e captarem recursos diretamente de um número elevado de pequenos e médios investidores.
1.2 Regulação e normativas
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) é o órgão responsável por regular o crowdfunding imobiliário no Brasil. Originalmente regulamentado pela Instrução nº 588/17, o modelo foi atualizado pela Resolução CVM 158 de 29/06/2022. Essa resolução permite que sociedades empresárias de pequeno porte captem recursos via oferta pública de distribuição de valores mobiliários sem necessidade de registro na CVM, através de plataformas eletrônicas de investimento participativo.
2. Funcionamento do crowdfunding imobiliário
O crowdfunding imobiliário funciona como um canal direto entre investidores e desenvolvedores, facilitando a captação de recursos para projetos imobiliários. Aqui, detalhamos os critérios para a captação de fundos, o processo de investimento e a distribuição dos recursos captados.
2.1 Critérios e limites de captação
2.1.1 Definição de empresa de pequeno Porte
Segundo a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), uma empresa de pequeno porte no contexto do crowdfunding imobiliário é aquela que possui um faturamento anual de até R$ 40 milhões individualmente. Se a empresa faz parte de um grupo econômico, o faturamento combinado de todas as entidades sob controle comum deve ser de no máximo R$ 80 milhões.
2.1.2 Limites de captação
A legislação permite que essas empresas captem até R$ 15 milhões por projeto, através de uma única plataforma de crowdfunding. O prazo máximo para a captação desses recursos é de 180 dias. Esses limites visam equilibrar o acesso ao financiamento enquanto se mantém uma gestão prudente do risco por parte dos investidores e da plataforma.
2.2 Processo de investimento
2.2.1 Registro e avaliação de projetos
O primeiro passo para um potencial investidor é se registrar em uma plataforma de crowdfunding que ofereça investimentos imobiliários. Após o registro, o investidor pode examinar os diversos projetos disponíveis. Cada projeto incluirá detalhes como o escopo do empreendimento, a projeção de custos, os prazos esperados para a conclusão e a rentabilidade estimada.
2.2.2 Investindo em um projeto
Uma vez que um projeto é escolhido, o investidor decide quanto deseja contribuir. Os investimentos são tipicamente vinculados a uma parcela do Valor Geral de Vendas (VGV) do projeto. O VGV representa a soma total esperada das vendas de todas as unidades ou espaços dentro do empreendimento concluído.
2.2.3 Retorno sobre o Investimento
O retorno ao investidor é calculado com base na proporção de seu investimento no financiamento total do projeto. Este retorno só é realizado ao final do empreendimento, refletindo uma participação proporcional nos lucros gerados pela venda das propriedades desenvolvidas.
2.3 Distribuição dos recursos
2.3.1 Transferência de fundos
Após a conclusão bem-sucedida de uma campanha de captação de recursos, a plataforma de crowdfunding tem até sete dias para transferir os fundos para o empreendedor. Este curto prazo visa agilizar o início ou a continuação do projeto imobiliário.
2.3.2 Falha na captação
Se o projeto não atingir o valor de captação necessário dentro do prazo estipulado, os investimentos são devolvidos aos contribuintes. Isso protege os investidores de perderem dinheiro em projetos que não têm suficiente apoio financeiro para serem viabilizados.
Este sistema de financiamento tem como objetivo democratizar o acesso ao investimento em grandes projetos imobiliários, oferecendo uma alternativa atraente tanto para pequenos investidores quanto para desenvolvedores que procuram diversificar suas fontes de financiamento e reduzir a dependência de empréstimos bancários tradicionais.
3. Comparação com fundos imobiliários
3.1 Fundos imobiliários: definição e operação
Fundos imobiliários são constituídos como condomínios fechados onde os investidores compram cotas e o capital é administrado por um gestor, que investe em propriedades ou projetos imobiliários. Os rendimentos são distribuídos regularmente aos cotistas.
3.2 Diferenças Chave
O principal contraste entre o crowdfunding imobiliário e os fundos imobiliários reside na estrutura de retorno e no grau de controle sobre o investimento. No crowdfunding, o retorno é geralmente uma quantia única ao final do projeto, enquanto nos fundos os rendimentos são distribuídos periodicamente. Além disso, o crowdfunding permite uma escolha mais direta do projeto específico a ser financiado.
4. Vantagens e desafios
4.1 Vantagens
- Acesso Ampliado: Pequenos investidores têm a oportunidade de participar de projetos grandes.
- Diversificação: Reduz dependência de financiamento bancário ou investidores privados grandes.
- Transparência: Plataformas online oferecem detalhes completos e atualizações regulares dos projetos.
4.2 Desafios
- Risco de investimento: maior risco associado ao sucesso do projeto imobiliário.
- Complexidade Regulatória: necessidade de conformidade rigorosa com as normas da CVM.
- Limitações de Captação: restrições sobre o montante que pode ser captado e o número de ofertas por período.
5. Conclusão
Crowdfunding imobiliário é uma inovação significativa no financiamento de projetos imobiliários, oferecendo novas oportunidades tanto para investidores quanto para desenvolvedores. Apesar de seus desafios, apresenta um potencial considerável para remodelar a paisagem do investimento imobiliário, promovendo maior inclusão e diversificação financeira.
Este artigo buscou fornecer uma visão detalhada e compreensiva sobre o crowdfunding imobiliário, contrastando suas especificidades com as de outras formas de investimento no setor imobiliário, como os fundos imobiliários, e destacando suas vantagens e desafios. Contudo, o tema em questão envolve uma certa complexidade e cuidado para que seja bem realizado e não gere dores de cabeça futura para os empreendedores da área imobiliária. Portanto, mais que uma boa plataforma de captação é importante uma assessoria jurídica competente para dar esse suporte.
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