O dinheiro físico vai acabar?

Modelo financeiro enfrenta críticas quanto à facilidade de utilização em práticas ilícitas, como lavagem de dinheiro

No cenário econômico brasileiro, o papel moeda enfrenta uma queda significativa em sua circulação, revelando uma transformação marcante nos hábitos de consumo e nas estruturas financeiras do país. Em 31 de dezembro de 2020, o Banco Central registrou um total de R$ 363.113.832.289, distribuídos em 8.539.481.833 cédulas em circulação, um marco histórico que perdurava desde o início do Plano Real em 1994.

Contudo, um ano depois, em 31 de dezembro de 2021, observou-se uma redução notável para R$ 331.441.304.319, divididos em 7.649.062.172 cédulas. Esta queda representa a primeira vez, em quase três décadas, que o valor circulante do papel moeda recuou, sinalizando uma mudança paradigmática no comportamento financeiro dos brasileiros.

No ano seguinte, em 31 de dezembro de 2022, embora tenha havido um ligeiro aumento, o valor em circulação ainda não atingiu os patamares de 2020. O país registrava R$ 334.494.475.669 em circulação, distribuídos em 7.677.019.599 cédulas, segundo dados fornecidos pelo Banco Central.

Esse declínio, conforme observado por especialistas, não é exclusividade do Brasil, mas uma tendência global, manifestando-se tanto em países desenvolvidos quanto em economias emergentes. Diversos governos ao redor do mundo têm adotado medidas que impactam diretamente a circulação do papel moeda, influenciando esse movimento de transformação.

Popularização do Pix

Um dos principais catalisadores desse fenômeno é a ascensão da tecnologia. A popularização do Pix, implementado pelo Banco Central em outubro de 2020, exemplifica claramente como a tecnologia está alterando a maneira como realizamos transações financeiras. Antes do Pix, o uso do papel moeda era comum, especialmente em pagamentos informais entre pessoas. Contudo, desde o seu lançamento, a preferência pelo Pix tem crescido de maneira exponencial, transformando-se em uma alternativa ágil e prática.

Indo além das fronteiras nacionais, países como Índia, Estados Unidos e Europa têm adotado estratégias similares, fomentando sistemas de pagamento digitais como o NFC e GoPay. 

Papel moeda é preferência em alguns países

Em contraste, a Alemanha, mesmo sendo um país desenvolvido, mantém uma preferência significativa pelo dinheiro em papel, principalmente em comércios menores e eventos como as tradicionais feiras de Natal.

O papel moeda, apesar de sua persistência em algumas realidades, enfrenta críticas quanto à facilidade de utilização em práticas ilícitas, como lavagem de dinheiro. Por outro lado, é a principal escolha de consumidores das classes D e E no Brasil, conforme indica uma pesquisa da Locomotiva. Cerca de 72% desses consumidores preferem pagar contas em dinheiro, justificando a escolha pelo maior controle financeiro e o receio de taxas bancárias.

Contudo, especialistas apontam que, do ponto de vista empresarial, as transações digitais são mais vantajosas, sendo mais simples, baratas e práticas. A economia gerada pela ausência de custos relacionados à produção de dinheiro, papel, tecnologia anti-fraude e transporte de valores contribui para a preferência por métodos digitais.

A questão de manter parte do patrimônio em papel moeda, especialmente para aqueles desconfiados das instituições financeiras, é abordada pelos especialistas. Em uma economia instável como a brasileira, essa prática não é recomendada devido à voracidade da inflação, que pode corroer o valor do dinheiro em questão de meses.

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